quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

semântica

Tem épocas em que todas as formas de arte parecem que estão falando comigo pessoalmente. COMIGO. As canções são cheias de conselhos para mim, os filmes têm mensagens secretas que só eu entendo, os livros são inspirados na minha vida.

Existe aquela discussão sobre se a arte imita a vida ou a vida imita a arte. Vai ver que não é uma questão de quem imita quem, mas dos dois se alimentarem continuamente. Engraçado que eu só descobri recentemente que essa questão não é relativa a quem PRODUZ a arte, é uma coisa da sociedade em geral. Eu sempre tinha a idéia de que algo que um artista produzisse poderia começar a acontecer posteriormente na vida dele – e eu comecei a ver pequenos exemplos, que infelizmente não lembro agora. Mas enfim, nem era disso que eu estava falando.

O legal das épocas em que a arte fala comigo é que eu me sinto parte de algo maior. Como se o sentido das coisas estivesse sempre lá, mas por algum motivo eu sou especial e consigo "quebrar o código", entender o significado de tudo. Depois de um tempo, não são só as obras de arte, é tudo o que acontece, tudo o que eu vejo e escuto, tudo o que existe no mundo, sussurrando segredos que só eu entendo. Tudo se encaixa, é só uma questão de atenção e pensamento até eu decifrar a linguagem.

As obras de arte, de repente, estão falando com a minha voz, de um jeito mais bonito do que eu conseguiria colocar. As canções são minhas, e são lindas. A composição dos quadros, os parágrafos da literatura, todas as palavras e imagens e acordes, de repente eu sou parte disso tudo, e eu me sinto tão imensa e tão insignificante ao mesmo tempo. Parando pra prestar atenção, dá pra ver o quanto isso é bonito.


Espero mesmo que um dia eu também faça alguma coisa que fale diretamente com alguém.