quinta-feira, 31 de julho de 2008

anacrônica

Estamos em 1943, e as tropas acabam de sair de Stalingrado.
A moça continua fingindo que está prestando atenção na leitura, mas não consegue parar de pensar no anel. Depois de meses dançando de par constante em todos os bailes, ao ponto das mãos automaticamente começarem a suar quando soavam as primeiras notas de "Moonlight Cocktail", finalmente, finalmente o rapaz deu a ela um anel de compromisso. Ela olha para a própria mão, roda com o polegar o anel em torno do dedo. Parece um sonho. Impossível se concentrar na leitura. A moça prende um sorriso. Será que a professora a viu corar?

domingo, 20 de julho de 2008

trilha sonora

Uma vez eu vi uma palestra no animamundi sobre trilha sonora de animação, e aprendi que no cinema existem dois tipos de trilha sonora. Eu tinha esquecido o nome, mas tava há um tempão querendo lembrar, sem conseguir achar a resposta no Google, e perguntei pra minha amiga turca que estuda comigo em Londres e já estudou Film Theory nos Estados Unidos (tô com saudade dela, ela quase foi morar comigo, aliás). Ela não lembrava, mas uma semana depois me manda uma mensagem no facebook: "i was making eggs just now and it came to me! the answer to your question is diegetic and non diegetic sound. never would've thought someone would actually ask me this..."

Pois então. De vez em quando penso nisso por vários motivos (da última vez foi fazendo o design do miolo de um livro, não vem ao caso explicar, mas minha mãe entendeu). Seja como for, diegetic sound (seja lá como isso for em português) é o som que os personagens do filme estão ouvindo, como por exemplo, o barulho do trânsito ao fundo, uma música que toca no rádio do carro na cena, o som da banda que está tocando na festa onde eles estão, os diálogos, e por aí vai. Non-diegetic sound é o som que os personagens não ouvem, como a musica tensa na cena de suspense, a voz em off do narrador, etc.

Uma vez eu estava andando em Shoreditch com a Jul, perdida procurando Brick Lane (a gente se localiza um pouco melhor por lá agora), e era domingo, tudo estava fechado e deserto, um dia meio nublado, e a gente passava por umas ruas pequenas cercadas de casas de tijolinhos, e virando por uma rua, de repente tocava uma música vinda sabe-se lá de onde (suponho que viesse de alguma janela aberta de algum lugar). Eu nem lembro o que era, era uma musica meio antiguinha, acho que instrumental, mas era tão apropriado, sabe? O nosso figurino, o cenário, a trilha sonora, tudo encaixava. Eu estava num filme cult. Aquela musica vinda sabe-se lá de onde, poderia ter vindo da minha cabeça, poderia estar em off, poderia ser diegetic ou non-diegetic, mas eu estava em cinemascope, technicolor meio sépia, eu sentia a câmera mostrar o vazio daquela rua de longe enquanto a gente andava ajeitando os cachecóis, o close na gente, o fora de foco, eu virei a esquina e eu sabia que o filme continuava, eu vi o cara mais lindo do mundo na porta de um brechó e não tive coragem de falar com ele, e eu sabia que isso não tinha importância nenhuma na trama, era só construção de personagem, porque o filme era cult e cheio dessas coisas.

Ontem eu entrei no taxi de madrugada pra voltar pra casa. Dei um suspiro. O motorista ligou o rádio e começou "You had a bad day". E de repente foi a trilha sonora, mas de, tipo, uma comedinha romântica bem xinfrim, vinda na rebarba do sucesso do Diário de Bridget Jones. O taxi parou num sinal (ali naquele lugar em frente ao hospital onde eu nasci, onde tem sempre uns argentinos comendo fogo) e na esquina, no chão da calçada, tinha uma taça de vinho vazia. Estranho.

É. Estranho.

sábado, 19 de julho de 2008

exercitando confiança

E quando eu penso que tudo está perdido, vêm para o resgate as 3 mulheres lindas do quarteto onde eu sempre faço parte.
Night de glamour com as meninas, salvadoras da pátria, seguido de pós-night de glamour zero com a galera do palhaço. Hoje, uma leve sensação de nojinho e uma ressaca monumental contam a história. E, é claro, a fé restaurada na amizade. Um brinde (de champagne rosé, é claro) à amizade entre mulheres!

E obrigada aos dois amigos, também, que nos últimos dois dias me fizeram conceder pelo menos o benefício da dúvida às amizades entre homens e mulheres (eu ando meio desacreditada nisso de uns tempos pra cá).

quinta-feira, 17 de julho de 2008

a pior professora do mundo

Primeira cena de Kung Fu Panda. Me bate aquele ímpeto de compartilhar sabedoria. Eu falo pra sobrinha: "repara só, essa animação é 2D, porque o panda tá sonhando, mas você vai ver quando ele acordar que o resto do filme é 3D". Viro para a frente, com a sensação de dever comprido. A sobrinha pergunta: "Mas 3D não é aquele que a gente usa aqueles óculos?".
Eu dou uma hesitada.
"É, é também, mas é outro tipo de 3D. Eu te explico isso melhor quando acabar o filme."

Acaba o filme. Vamos a um café (ela não gosta de sorvete do MacDonald's, vê se pode). Eu pego um bloquinho e uma caneta. Desenho um quadrado, e começo a falar das dimensões de x e y, e como isso é 2d, e é achatado, porém se a gente desenha essas hastezinhas aqui e aqui e aqui e aqui, vira um cubo, assim, ó, o que dá uma ilusão de tridimensionalidade, porque é o outro eixo que... tá. Vamulá. As coisas no mundo existem no espaço, certo?

Sobrinha olha e pisca.

Eu aponto pro cardápio: "tá vendo a foto desse café? ela é impressa no papel. Ela é uma representação do café em duas dimensões. 2d. Entendeu? E o café que eu to segurando na vida real é 3d. Entendeu? Então. Agora esquece isso porque na animação é tipo isso mas é diferente, porque a projeção do filme da animação 3d também é 2d, na tela. Mas eu queria é que vc entendesse o conceito. Tá?"

Sobrinha olha pro desenho do cubo, olha pra mim, olha pro desenho do cubo de novo, suspira.

Eu pergunto se ela sabe como se faz um desenho animado. Ela é muito eloquente e ilustrativa, e pega duas folhas do bloquinho, desenha uma bola em cada uma, com uma pequena diferença de posição, e me explica, em outras palavras, todo a teoria da persistência retiniana. Eu dou um sorriso orgulhoso. Viu? Não vai ser difícil. Ela vai entender.
"Então. Na animação 2d, é isso mesmo, uma série de desenhos bidimensionais postos em sequência, desenhados frame a frame. Já na animação 3D, um objeto tridimensional é modelado e renderizado em um programa de computador, como se ele fosse tridimensional lá dentro, mas vc tem que imaginar que ele é porque na verdade na tela ele também é projetado em duas dimensões, claro... Porque tipo, naquele dos óculos, eles podem até fazer um desenho 2D virar um filme 3D com alguma ilusão de ótica que dá a sensação de volume, como se o filme na tela fosse um sólido, como se ele saltasse da tela, no espaço, por isso 3D, entendeu? Mas eu não to falando disso. No Kung Fu Panda, o panda foi modelado num programa de computador em 3D. Como no Nemo e no Monstros S.A."

"Como se desenha esse cubo?", interrompe a sobrinha.

Ok. Minha tentativa de explicar 2D e 3D foi a pior do mundo. Três vivas pra minha sobrinha que acompanhou o quanto pôde (e aprendeu a desenhar cubo direitinho). Aposto que vai ser a única criança de 7 anos da sala dela a desenhar cubos flutuantes.
Mas eu sou, mesmo, a pior professora do mundo...

sábado, 12 de julho de 2008

As Luisinhas

Moram dentro de mim várias pequenas Luisas. Elas nasceram das profundezas dos meus passados (alguns mais remotos que outros) e vivem adormecidas, em estado de sono profundo. De vez em quando uma delas acorda e vem à tona.

A Luisinha de 16 anos, por exemplo, é um clássico. Volta e meia ela aparece. E por mim tá ótimo, porque eu gosto dela. Já a de 8 e a de 13, quando aparecem, são mais problemáticas. Eu tenho que ficar tentando conter. A de 13, sobretudo, eu não gosto nada. Certamente são duas Luisinhas contraprodutivas. A de 6 é fofa, apesar de mais rara, mas de vez em quando ela dá as caras lá em Londres. A de 18 costumava aparecer com alguma frequência, mas ficou hibernando um bom tempo, e eu andava com saudade dela... Mas na verdade ela foi inoportuna, voltou a tona agora e é culpada por algumas atitudes equivocadas que andei tomando.

To achando que a de 24 vai ser uma dessas que aparece. Não sei se eu vou gostar dela ou não. Falta distanciamento histórico ainda.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

primeiro parabéns do dia

"Happy Birthday, Luisa!
From all of us on The Facebook Team, have a great day!"

Que triste!!

Me lembrei do meu aniversário de 18 anos, onde meu primeiro presente foi uma salsicha velha toda enrugadinha. (ô, mente suja, pessoas! que coisa...)

Na verdade eu não dormi ainda, então meu aniversário é só amanhã, quando eu acordar. E vai durar até eu voltar pra Londres, porque ser paparicada é muito mais legal do que não ser.
Mas de preferência por alguém além do "Facebook Team"...

terça-feira, 8 de julho de 2008

sanhaço

Tava voltando pra casa agora há pouco, olhei pela janela do carro e vi um passarinho verde. É, todo bonitinho, na grama de algum canteiro na lagoa. Ele tinha a ponta da asa preta, a cabeça meio alaranjada, mas era um passarinho verde. O carro tava parado num sinal e eu fiquei olhando ele pulando e ciscando.

Sabe a época em que eu enxergava metáforas? Então. Acho que passou. Eu olhei o passarinho verde, procurei, procurei, e não encontrei metáfora nenhuma.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

calcinhas por todo canto

a gente fica puta com as paradas e ai a gebnte bebe um monye de asakê e um momnyte de vodka mas tudo tem gosto de lroagmbngo cadê a feijoada? eu esqueci. que sono!!!!
ta bom beintchau

quarta-feira, 2 de julho de 2008

caldinho de feijão

Cheguei!!!
Tomei caldinho de feijão e comi bananinha frita e dormi como se não houvesse amanhã. Mas teve, as 6 da matina, acordei sem despertador e to trabalhando nos freelas atrasados.

Passei uma semaninha em Portugal tomando sangria e queimando o joelho na beira da piscina. Agora estou de volta à casa materna, hoje a noite tem um jogo de futebol historico que eu vou ignorar sumariamente, e quem não liga pra futebol pode ir me encontrar pra tomar micheladas, me liguem.
E pra quem liga pra futebol, vocês sabem quem vocês são!, podem compensar saindo comigo todos os outros dias do mundo até eu ir embora!! Eu deixo.

E quem tiver super sugestões incríveis pro meu aniversario me avise também.
E quem quiser aproveitar a Luisa Turista e me chamar pra ir pra praia, também deixo!
To muito benevolente hoje. Deve ser o fuso horário.