domingo, 31 de agosto de 2008

O give me land, lots of land under starry skies above

Meu pai ficou 9 dias aqui comigo. Foi embora anteontem. Semana que vem meu flatmate novo se muda pra cá, aí no dia 5 eu vou encontrar minha mãe na Dinamarca (uhu!), e quando eu voltar, meu grande amigo Bernardo (que escreve o sobremusica, tá ali nos links eu acho) já estará aqui pra passar duas semanas aqui em casa. Foi ótimo passar esses dias com o meu pai, e eu estou feliz do flatmate novo estar vindo (meio apreensiva de morar com um cara quase totalmente desconhecido pela primeira vez, mas acho que vai ser legal), e tô animadassa do Bernardo vir, é meu primeiro amigo do Brasil que vem ficar aqui. Vamos a shows, e ele vai ganhar a Guinness prometida. Tudo ótimo.

Mas...
Minha avó morava sozinha no Espírito Santo, e no verão todos os filhos e netos iam passar as férias lá na casa dela. Ela dizia que tinha duas alegrias: quando o primeiro chegava e quando o último ia embora.
Eu adoro ficar sozinha em casa. Adoooooro. O que eu mais queria ontem era curtir meu apartamento, aproveitar esses últimos momentos de privacidade, cantando no banho, andando de roupão pela casa, tocando clarinete sem me preocupar com quem está ouvindo, cozinhando só pra mim com calma, deixando a cozinha bagunçada se eu estivesse sem saco de arrumar, chorando loucamente assistindo Gray's Anatomy ou rindo alto assistindo The IT Crowd.

Pois bem. Depois de duas semanas de céu nublado, ontem fez solzinho. Eis o dilema.
A vontade louca de sair e aproveitar o sol, que sabe-se lá quando daria as caras novamente por essas bandas.
A vontade louca de ficar em casa e não fazer absolutamente nada, depois de vários dias andando por mil lugares com meu pai.
Ai, meu Deus. E agora. Que fazer. Ó, que dilema.

Já diz o ditado, né: o sol tá indo embora e a gente tá na sombra.
Saí de casa. Passeei em Covent Garden e no South Bank com a Debora, amiga minha brasileira da minha sala. Foi ótimo.
Hoje, em vez de curtir meu apartamento, vou curtir uma exposição de um sueco aleatório e finalmente assistir Wall-E com outra amiga.

Se todos os dilemas da vida fossem assim, tudo seria mais fácil. Mas, pensando bem, talvez muitos sejam (e nem por isso é mais fácil). Acho que eu to enxergando metáforas de novo... hahahaha

terça-feira, 19 de agosto de 2008

anniversary

Hoje faz um ano que eu me mudei pra Londres! :)

Pra comemorar, fiz uma porrada de coisas: depositei um cheque, fui rejeitada pra uma conta de banco decente outra vez, comprei uma passagem de trem pra minha mãe ir a Paris, uma bateria nova pra minha câmera, umas pastas pra organizar papel e, feito isso, encontrei uns amigos pra ver um filme em Leicester Square (Prince Caspian), e depois tomamos uma cerveja num pub de uma mesma cadeia onde a gente foi em Dublin (eu não teria lembrado se a CJ não tivesse falado. mas ela tem razão. E a cerveja é ótima). Veio um inglês bebaço falar coisas sem sentido pra gente, hehehehe, divertido, eu tava com saudade.

Amanhã devo ir à Ikea, aiaiai, me dá cansaço só de pensar. Mas vou experimentar a de Wembley em vez da de Croydon, ver se melhora a situação.

Há um tempão atrás me passaram uma comunidade no orkut sobre as Palavras Terapêuticas. Sério, comunidades do orkut são o que há de melhor no humor brasileiro hoje em dia!! "Jacobinos Gatinhos", "Eu não adoro nem odeio atum", fala sério, isso é genial!! Mas isso é também outro post. Palavras Terapeuticas, então: "são aquelas que, quando ditas em bom som, causam uma sensação de paz interior, mesmo que por frações de segundo, no indivíduo que as profere."

As minhas preferidas da lista oferecida são Amálgama, Balaústre e Foca.

Em homenagem ao meu aniversário de um ano em Londres, vou postar aqui uma pequena lista de palavras terapêuticas pra mim extraídas do metrô de Londres. São tantas! Algumas delas só têm efeito terapêutico se ditas na voz da mulher do metrô (aqueles que ela fala e dá vontade de repetir igualzinho), e outras eu nunca nem ouvi a mulher do metrô pronunciar (porque nunca fui praquelas bandas), e outras não tem nenhum motivo, mas enfim, vale a intenção. Lá vai:

• Goodge Street
• Jubilee Line
• Bakerloo Line
• Willesden Green
• Piccadilly
• Hammersmith
• Pimlico
• Tooting Bec
• Paddington
• Chorleywood
• Ruislip Manor
• Tottenham Court Road
(só porque o Bruno chamava de "Rua Totalmente Curta" quando era pequeno)
• Chalk Farm
• Cockfosters
• Angel
• Blackfriars
• Wembley Park
• Putney Bridge
• Poplar
• Totteridge and Whetstone
• Chancery Lane
• Whitechapel
• Wapping
• Perivale
• Clapham Junction


Quando eu lembrar de mais, vou adicionando à lista.
Elephant and Castle antigamente era, mas agora que eu estudo lá e vi que lugar feio que é, perdeu o glamour...

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Ah, e um PS: li no jornal tosco hoje que esse mês está sendo chamado de "Awful August", e promete ser o agosto mais molhado dos últimos 92 anos... Pqp.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

como assim?!

Eu consegui perder a bateria da minha câmera digital.

Sim, isso mesmo.
Fui carregar a câmera agora, e a bateria não está dentro do trequinho.
Bati meu próprio recorde.
Como é que pode. Puta que pariu.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

still I wander, yes I wander, and I'll never go back home

Cheguei em casa agora há pouco. O tempo tá horrível, tudo cinzento e um vento frio absurdo. Escrotão, o inverno no Brasil tava super agradável, temperatura ótima e dias lindos, e aqui o verão tá essa bosta... Mas como o tempo aqui é meio doido, qualquer hora dessas melhora.

Apesar de tudo, é bom chegar em Londres. Ontem tive um mini-surto na hora de sair de casa... Dá um aperto no coração ir embora... Me deu a sensação de que vai ser assim pra sempre, pro resto da vida, eu nunca vou estar inteira em lugar nenhum. Esse pensamento me deixou meio apavorada. E claro que sempre que eu chego aqui eu me sinto completamente sozinha.
A casa tá na mesma bagunça que eu deixei, mas eu adoro meu apartamento. Minha florzinha highlander morreu dessa vez... Um mês e meio sozinha sem ser regada no verão foi demais até pra ela, tadinha. Amanhã vou ver se passo no Borough Market e compro plantinhas novas. E um pé de alecrim novo também, aproveitando o ensejo, já que eu sou serial killer de alecrim e manjericão. Fui ao supermercado, já que aqui não tinha nada pra comer. Estou abrindo a correspondência. Vão"tomar providências legais" contra mim porque eu não paguei minha TV license até o dia 22 de julho. Porra, eu nem tenho TV... Vou ter que ligar pra lá e dizer isso. Amanhã, no horário comercial.
Ah, agora há pouco vi pela janela da sala um esquilo na árvore ali fora.
No jornal tosco que vim lendo no metrô tinha uma grande matéria sobre terroristas que roubam gnomos de jardim. E sobre águas-vivas-assassinas-tropicais invadindo a costa inglesa.

Hoje faz um ano que eu terminei meu namoro.

Muito obrigada a todas as pessoas que tornaram essa temporada no Brasil tão legal!! Daqui a pouquinho tô aí de novo. Dessa vez é pouco tempo longe, dezembro é daqui a 4 meses.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

2 scodelle di zucchero

Anteontem fui à casa da minha tia, irmã do meu pai, e ela me deu de presente algumas relíquias familiares. Uma boneca que foi da minha avó quando pequena. Uma fronha do enxoval de bebê do meu pai, onde minha avó bordou coelhinhos azuis. E o meu preferido: um caderno de receitas que foi da minha bisavó, e depois da minha avó. Tá todo caindo aos pedaços, a gente vai mandar restaurar, mas acho que dá pra dizer que esse caderno é a coisa mais preciosa que eu tenho hoje.

Minha avó Talita morreu quando eu tinha 6 anos. Era dezembro e eu estava morando em Londres. Apesar de eu ser bem novinha na época, eu me lembro muito bem dela, e de vez em quando eu morro de saudade. Na verdade não é nem tanto a saudade a partir das lembranças que eu tenho, mas dá muita saudade das coisas que eu deixei de viver porque ela morreu tão cedo. Ela era dessas donas de casa que se tivesse nascido hoje em dia certamente seria uma pessoa de muito sucesso em seja qual fosse a carreira que ela escolhesse seguir (penso em hotelaria ou design de moda, mas acho que ela seria boa em qualquer coisa). Ela cozinhava maravilhosamente bem, e costurava incrivelmente também (além de vestidos de festa incríveis pra mim, roupas de festa caipira ou fantasias de bichinho que ela inventava, ela fazia roupas pras minhas Barbies que matavam minhas amigas de inveja – lembro especialmente do vestido rodado azul com rendinhas pra minha Barbie, e da camisa florida de botão, com bolsinho e tudo, pro Ken).
Eu sempre fico pensando em como eu gostaria de ter crescido com a minha avó por perto. Eu teria adorado aprender a cozinhar com ela, eu teria adorado ir à Itália com ela, levar ela a Bologna e ao tal vilarejo de onde a avó dela veio, de navio, grávida da mãe dela. Segundo meu pai, as três cozinhavam cantando ópera (e vovó Talita cantava muito bem. É o que ele diz. Eu não ouvi, ou não me lembro). Eu teria adorado cantar com ela, e aprender italiano só pra conversar com ela, já que ela foi criada falando italiano em casa antes do meu bisavô ficar desempregado e eles se mudarem pra Minas. Um dia, em Londres (tem poucos meses, isso), vi numa feira de antiguidades um dedal de porcelana pintado com flores, e do nada fiquei com os olhos cheios d'água porque não podia levar de presente pra ela. Meio nada a ver, já que ela morreu há quase 20 anos. Mas eu tenho muita saudade da avó que eu não tive.

Eu nunca me interessei muito por aprender a cozinhar. Minha mãe cozinha super bem, mas cozinha pouco. As poucas vezes em que ela tentava me ensinar alguma tarefa doméstica, meu pai desencavava seu lado neandertal e dizia: "ah, que ótimo! Já tá mais do que na hora. Mulher tem mesmo que aprender a cozinhar. É importante, pra você poder fazer comida pro seu marido um dia". Aí eu e minha mãe tínhamos surtos feministas, eu saía da cozinha e não aprendia nada. Engraçado. Meus dois irmãos, homens, cozinham super bem, mas eu não cozinho quase nada. Mas é claro que eles não são filhos do meu pai.
Agora que eu moro sozinha to tendo que aprender a cozinhar na marra, e to descobrindo que não é tão ruim. Quer dizer, é um saco chegar da faculdade cansada e ter que fazer jantar, mas é legal comer algo que eu cozinhei. Pra quem sabe cozinhar, eu não cozinho NADA, mas pros meus padrões, to bem orgulhosa. Faço vários macarrões ótimos, e um dia me deu vontade de fazer carneiro, e eu comprei as costeletas e misturei com os ingredientes que me deu vontade e taquei na frigideira e fiz tudo no chute, e ficou bonzão, foi uma grande vitória. Vou me virando.
Meu pai vai passar 10 dias comigo em Londres agora em agosto, antes do meu novo flatmate ir morar comigo (mas isso é todo um post a parte). Eu resolvi comprar um presente de dia dos pais pra ele lá em vez de comprar aqui (lá eu já sei até o que eu vou comprar, acho que ele vai adorar, e aqui eu ia acabar dando alguma besteira só pra dizer que dei alguma coisa). Há uns 3 dias tive um ataque de carinho e resolvi fazer o tal carneiro pro meu pai no almoço de dia dos pais. Saí com a minha mãe no sábado, fomos ao açougue, compramos ingredientes, e de lá fui pra casa da minha tia, e ganhei o caderno de receitas. Foi uma surpresa.

As receitas tem o nome de quem passou, e a data em que foram anotadas. Tem uma em italiano, de um doce chamado Favetta, escrita com a caligrafia linda da minha bisavó Libera em 1936, receita passada pela minha tataravó Norma (a "vovó Nonna"). Tem uma receita de licor de leite do meu tataravô Bianco de 1922 (o maluco fascista – mas isso também é outro post). Tem receitas de doces de Campos, escritas na letra da minha avó (bom bocado, por exemplo), que suponho que tenham sido anotadas depois dela conhecer meu avô, e tem recortes de revista com receitas de mousses e coisas assim. Não tem a famosa alcachofra recheada da qual meu pai sempre fala, infelizmente, mas tem muitos bolos, doces e biscoitos, tem pizza e risoto, empadão e vatapá, pães e rocamboles, sopas e massas, tanta coisa. Não é tão gostoso quanto aprender a cozinhar com ela, mas pelo menos eu posso ter um pouquinho do sabor da minha avó me ensinando a cozinhar alguma coisa.

Resolvi até comprar um caderno e escrever minha modesta receita de cordeiro, pra um dia meus netos herdarem o meu caderno, e o da minha bisavó junto.

sábado, 9 de agosto de 2008

Tita

Amiga muito querida, tô tão orgulhosa!!!!
Você merece todos os louros da vitória!!! (e agora vamos sair e bebemorar)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

anacrônica II

Já (não) dizia o ditado: a vida imita o blog.
To sorrindo sozinha!