sexta-feira, 30 de novembro de 2007

desenhando o Pato Donald

Lembram quando vinham aqueles tutoriais em revistinha, que ensinavam a desenhar um personagem qualquer? Era muito frustrante, eu nunca conseguia. Eles mostravam como se fosse ser super simples. Aprenda a desenhar o Pato Donald! É facílimo! Agora você também pode desenhar as suas historinhas do pato mais querido do mundo! Primeiro passo: desenhe uma bola e faça uma linha horizontal e vertical. Segundo passo: marque o lugar dos olhos, chapéu e bico. Terceiro passo: desenhe tudo perfeitamente, se vira, mermão. Quarto passo: colora tudo. Quinto passo: tchanaaam! Mostre pra mamãe, pendure na geladeira, se torne um desenhista profissional, ganhe milhões de dólares, mulheres, iates.



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Hoje eu ia ao show do Toots and The Maytals, sozinha mesmo, mas empolgadona. Saí mais cedo do curso e tudo, larguei meus pombos de silkscreen pela metade, peguei o metrô até Kentish Town (sério, toda vez que eu vou pra lá acontece alguma coisa desse tipo, da outra vez fui eu perdida no filme de terror da escola vazia com a raposinha e o minizelador). Achei o lugar do show e tava tudo apagado, as portas fechadas, vazio. Liguei pro lugar e ninguém atendia. Acabei voltando pra casa, metrô de merda demorando pra cacete, procurei em milhões de sites na internet até achar um deles que dizia que o show tava cancelado. Que saco.

Cancelamentos de uns e outros, raptei a Julia e fui continuar a montar meu armário. Os outros móveis que eu montei eram da IKEA, todos certinhos e tchururu. Esse era da Argos, e as instrucões não tinham muita noção. Tinha uns parafusos não catalogados, ferramentas não especificadas, um parafuso gordinho que sobrou, desenhos confusos, e instruções tipo como desenhar o pato donald: "Passo 7: colocar os pitocos nos buraaquinhos da base do armário. Passo 8: aparafusar os pézinhos do armário. Passo 9: montar o resto da parada toda. Isso, vai lá. Você consegue."

Fiquei pensando como tem tanta coisa na vida com instruções tipo de como desenhar o Pato Donald... A gente dá conselhos de vida amorosa pros outros como se fosse facinho. "Aí você vai lá e liga! Passo 2: vocês vivem felizes para sempre!". De carreira, é a mesma coisa: "Passo 1: você vai pra escola todo dia. Passo 2: você entra na faculdade. Passo 3: você arranja uma carreira, ganha milhões de dólares, mulheres, iates, e vive feliz pra sempre!".

A verdade é que eu nunca me entendi com as instruçõezinhas de como desenhar o Pato Donald. Eu desenhava a bola e as linhas e depois me perdia. Eu nunca desenhei extraordinariamente bem, mas certamente os personagens que eu desenhava melhor (a Pequena Sereia e os dálmatas) eram os que eu desenhava copiando sozinha, sem seguir o passo-a-passo das revistinhas. Ou os meus próprios (Xerife Perna-Bamba!). Eu achava que eu desenhava direitinho, nunca fui a melhor da sala, mas tava nos top 5, até eu entrar na faculdade e conhecer a galerinha fodassa que desenhava pra caralho. Mas tá, esse post nem é sobre isso (seja lá sobre o que ele for).

Semana passada eu comprei um caderninho Moleskine (tava em promoção), e tô começando a levar ele pros lugares e fazer sketches, mas eu fico com vergonha das pessoas me verem. Fora que às vezes eu to desenhando alguém parado lá do outro lado e a pessoa vai e se mexe, muda de posição, vai embora. Acho isso uma falta de consideração!
Mas seja como for, acho que tá na hora de eu começar a treinar e aprender a desenhar melhor, sozinha, sem passo-a-passo.

Eu já disse que eu enxergo metáforas, né?

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Jacques Cousteau! Baguette!

Amanhã vou pra Paris passar o fim de semana, eba eba eba! :)

Em homenagem a isso, to postando esse vídeo aqui, to viciada nessa parada, é muito engraçado!!!



Hon hon hon! Baguette!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

campo de batalha

Tá. Eu não preciso trabalhar hoje e você não tem aula. Então vamos mesmo fazer compras em Oxford Street. Mas lembre-se, Julia: lá é um lugar de agressividade, tensão e medo. É um campo de batalha. É preciso, acima de tudo, manter a calma, não se deixar dominar pelos nervos. É preciso estar com os sentidos em alerta o tempo todo. Lá é cada um por si, compradores solitários ou em gangues, não importa, é a lei da selva. É preciso desviar da multidão formada por hordas de velhinhas barraqueiras, batedores de carteira, distribuidores de flyers, muçulmanas besuntadas em ouro, manadas de pré-adolescentes vulgares, famílias com carrinhos de bebê, moças de bota que berram no celular, orientais que tiram fotos, indianos distribuindo jornais gratuitos, senhoras sem noção de espaço, e, presumo eu, até pessoas legais e normais que a gente nem percebe que são normais e legais porque a essa altura todo mundo já está tão na defensiva que um pedido de "excuse me, please" é interpretado como um "sua mãe era uma prostituta suja". Em uma loja toca Jack Johnson, baixinho, está agradável. Em outra toca Hip-Hop, alguns decibéis acima do que deveria, o vendedor faz uma piada sobre o meu casaco e eu percebo que não tenho mais senso de humor. Espero que eu não me arrependa de comprar essa calça amanhã. "Não aguento mais experimentar nada. Aposto que pra mim é M. Vê se tem M nesse cinza escuro aí do seu lado." A cada loja em que a gente entra temos que tirar os casacos, e vestir de novo quando voltamos pra rua. As luzinhas de natal azuladas vão acendendo e enfeitam a rua à medida que escurece, dando à paisagem um aspecto de conto de fadas do consumismo. Horas, horas, e a gente mal andou 2 quarteirões... Não dá pra aguentar mais, hora de voltar pra casa, metrô lotado na hora do rush. Esse senhor não para de me encarar, velho chato. Não consigo ler o que está escrito no jornal daquele cara sentado... Meredith o quê? Deixa pra lá. London Bridge, uhu, bom chegar em casa – e por que eu sempre peço desculpas pras pessoas que esbarram em mim? Frappucino Frappucino Frappucino Frappucino!!!

Sobrevivemos quase intactas à batalha, e sem se voltar uma contra a outra (é isso o que o inimigo quer, afinal). Entre os espólios de guerra, a calça nova que eu vou usar amanhã. Não achei um casaco como eu queria, nem minha bota. Semana que vem tem mais, então. Ufffff...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Querido diario,

Hoje de manhã eu tava prestes a começar a trabalhar em um freela quando a Julia me ligou e disse que o dia tava lindo e a gente tinha que ir passear. Eu fiquei meio assim, eu tinha que fazer o trabalho, mas po, dias lindos e ensolarados em Londres não são uma coisa com a qual a gente pode contar... Sei lá por que, eu estava com uma página de horóscopo aberta, e resolvi ler o meu: "As obrigações com sua saúde e com o trabalho tiram você da rota mais confortável da rotina. Contudo, cuidar direito das obrigações retornará em um bom desenvolvimento." Ou seja, era pra eu me dedicar ao trabalho. Mas eu só acredito em horóscopo quando me convém, então foda-se, peguei o laptop e fui passear com a Julia.

O dia não tava lindo, ele tava espetacular. Quando fui trabalhar, sentada num canteirinho na beira do rio (acho que TODO post meu fala em beira do rio, né?) vi que o laptop tava sem bateria e tive que ficar carregando aquela porcaria o dia todo sem trabalhar porra nenhuma.

A gente tirou fotos (pena que o cara da estátua não tava lá... ele tava ontem mas eu tava sem a câmera), a gente falou merda, a gente tirou mais fotos, a gente perturbou pombos e folhas e corredores (bem, eu perturbei, ao menos), e tudo foi outonal e iluminado e lindo.

Mas olha só uma coisa:



Tirei essa foto hoje, pra mostrar que o parlamento continua lá. Ontem foi um dia de lembrar de um evento que quase destruiu tudo, e hoje é 6 de novembro, e ele continua lá, inteirinho. Achei isso uma grande metáfora pra alguma coisa.
Ah, sim, porque eu enxergo metáforas, agora. É quase uma versão mais pedante de "I see dead people".

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

remember, remember

Cara, sério, vou apagar do itunes todas essas porras dessas musicas do Chico Buarque que eu peguei da Julia. Eu deixo o itunes no shuffle e às vezes vai lá e toca o Chico dizendo coisas que eu não quero ouvir. Como diabos uma pessoa pode ficar feliz ouvindo Trocando em Miúdos de manhã? Eu não estaria bem mais feliz ouvindo Shebeen, do Toasters?
Porra.

Hoje tem trabalho pra fazer, e eu acordei tarde... Mas posso trabalhar até tarde. E agora a internet tá funcionando aqui em casa 100%, uhu!

Ah. E hoje é Guy Fawkes Day, 5 de novembro. É o aniversário da conspiração de explodir o parlamento inglês, e eu descobri na wikipedia que a expressão de chamar caras de "guys" em inglês começou pouco depois disso, através das criancinhas que iam de porta em porta pedir "a penny for the guy" todo dia 5 de novembro pra comprar fogos de artifício. E o Guy Fawkes é conhecido como "the only man to ever enter parliament with honourable intentions".
Aí rolam fogueiras e fogos de artifício por aí, eu acho, mas mais fora do centro de Londres. Uma pena. Eu moro perto do parlamento e queria ver fogos por lá (eu tenho medo de fogos, mas foda-se, de longe eu até gosto).

Por falar em parlamento, vou caminhar na beira do rio até lá, aproveitar que hoje parece ser o dia mais quente dessa semana, segundo meu trequinho de weather.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

early in the morning, risin' to the street

Internet é uma parada muito legal. Uhu!
E o aquecedor tá funcionando! Entendi tudo dele agora.

E outono é mó bonito... Hoje fez uma manhã de sol linda, e eu acordei cedinho e caminhei pelo rio e tava lindo, lindo... Não sei do que eu tava reclamando.