terça-feira, 12 de junho de 2007

A importancia das coisas

Não dá pra botar acento no título do post, não?

Mas então.
Continuo arrumando coisas, e não param de aparecer outras coisas pra arrumar.

Isso tudo está me deixando meio deprê. Ou será a dengue?
Não interessa.

O que interessa (?) é que hoje eu matei um pouco da Luisa de 16 anos. E eu fiquei pensando sobre a importância das coisas. As coisas que a gente guarda, e tal.
Desmontei o meu mural de fotos, que estava lá basicamente desde que eu me mudei pra cá, foi uma das primeiras coisas que eu arrumei quando cheguei no quarto novo do apartamento novo da vida nova depois que voltei do intercâmbio. E o mural foi um pouquinho modificado ao longo dos anos, mas não muito (saíram umas fotos do ex - nao todas - e entraram algumas fotos do atual, entraram uns ingressos de show novos e algumas lembrancinhas e tal, mas o principal tá lá há milênios).
O mural continha as coisas que eu considerava mais importantes na minha vida, eu acho. Algumas fotos da minha família quando eu era pequenininha (meus avós, minhas primas lindas). Fotos do namorado, fotos da Julia, fotos da Cecilia, fotos das meninas da banda, e da escola, e fotos do pessoal do intercâmbio que eu não queria esquecer nunca, e ingressos de shows, e papéis de chocolate do asterix que ganhei de presente, e papelzinho de maltesers (depois eu reclamo que eu to gorda, as coisas mais importantes da minha vida certamente incluem muito chocolate), e referências a desenhos animados, e aquele papel do MacDonalds onde a gente desenhou uma vez nos bichinhos ameaçados de extinção, e coisas desse tipo. Tudo bem adolescente mesmo.

Arrumando coisas velhas, a gente encontra coisas que não tinham muita importância em uma determinada época, e que hoje são importantes – algum bilhetinho que alguém mandou pra mim, que sei lá por que acabou sendo guardado, e hoje é a prova de uma amizade que já dura há muitos anos, por exemplo. Algum desenho idiota que ficou no fundo de algum caderno de quando eu tinha 12 anos e hoje rende boas risadas. Cartas, e fotos, e tal, de tempos que não vão voltar. Fotos que a gente fica muito feliz que tirou. Mesmo com aquelas espinhas todas.
Já outras coisas perdem muito a importância. Depois que eu vi uma porção de shows, de repente aquela foto daquele show do Lagwagon que eu vi sozinha em Londres fica meio perdida. É mais uma banda vista de longe em mais um palco em mais uma foto mal-tirada. Já vi shows melhores, foda-se o Lagwagon no Astoria. E aquelas pessoas do intercâmbio que eu não queria esquecer? Confesso que eu esqueci algumas – "quem é esse cara aqui do lado da espanhola – e aliás, qual era o nome dela mesmo?". Algumas piadas perdem a graça - "por que eu achei tão engraçada a cara dessa mulher no papelzinho do restaurante?". Algumas fotos do ex-namorado onde a gente achava ele a pessoa mais linda do mundo inteiro perdem o sentido ("o que tem demais nessa foto, afinal? E aliás, ele nem era tão bonito assim!").
Outras coisas eram importantes lá e continuam importantes agora. O tal papelzinho do Macdonald's, e tal. E o ingresso do NOFX. E a foto minha com a Julia quando a gente era pequenininha, e o mesmo com a Cissa. E aquela foto com Clara, Bi e Analia que a gente não sabe como coube na poltrona e depois pintou de roxo. A importância é por motivos diferentes, mas ainda é importante.

Aí é nessas que eu vejo que nem vou cumprir minha resolução de não guardar nada, nunca mais na vida, nem na Suiça nem em lugar nenhum, só pra não ter que arrumar depois.
É bom ter algumas coisas guardadas. Mesmo que a gente não olhe pra elas quase nunca.

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